sábado, 2 de outubro de 2010

Sinto

Fale com o coração, fale com a alma.

A maior dificuldade em escrever é romper a barreira daquilo que é superficial, que pouco afeta, aquilo que não é real.

Não quero forjar sentimentos, nem cair no erro comum de tentar forçar a poesia.

Mas eu sinto, muito.

E é um misto de incerteza, de insegurança, medo e paixão.

Se de todas as ânsias incontrolaveis e doentias que eu tenho, eu pudesse, como num tribunal, absolver uma, seria a ânsia de amar.

Mas curiosamente, não há nada mais assustador para mim do que perceber o início de uma paixão.

Como um esfomeado eu corro, e tento me esbaldar neste prato que deveria ser cuidadosamente apreciado, sentido.

O gosto que fica na minha boca é um misto do prazer pela satisfação momentânea e do medo de azedar a comida com minha angústia e descontrole, de quem há tempos desaprendeu a comer.

Eu, que sempre justifiquei minha solidão na inexistência de amores que compensassem, ou na minha incapacidade de conquistá-los, caí na desgraça de encontrá-lo.

E agora, irônicamente, meu maior desejo é poder, neste mesmo tribunal, me render.

Olhar nos teus olhos e confessar:

Eu sinto muito, mas não sei mais amar.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Noite clara

Quando me vi
Tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E eu me assustei,
Não sou perfeito.

A riqueza que nós temos,
ninguém consegue perceber,
e de pensar nisso tudo
eu, homem feito,
tive medo
e não consegui dormir.

sábado, 10 de julho de 2010

A "visão poética"

Com toda a licença a meu grande amigo Marcone, mas vou desenvolver aqui uma ideia que ele me apresentou uma certa vez.

Estavámos em um bar em São Paulo quando Marcone me apresentou o conceito da “visão poética”, usando de exemplo uma garota que estava sentada na frente do espelho, e ele me comentou que a tal garota era horrível na primeira visão real, entretanto sua posição perante o espelho refletia uma imagem apaixonante, e que ele se sentiu atraido a aquela garota, justamente por sua imagem sedutora, ainda que não condizia com o real.

E isso me fez pensar.

Acredito que o que diferencia um poeta de outro homem são dois fatos: prática e visão poética. Qualquer um pode escrever qualquer coisa, e no ínicio tenha certeza que vai ser horrivel. Pode ser que não rime e pode ser que não faça sentido. O que vale neste momento a persistência e a prática, porque com o tempo as arestas vão sendo ajustadas e os versos vão se encaixando com mais facilidade, as palavras aparecem com mais clareza, e a vontade de escrever incentiva o homem comum. Quanto mais se escreve mais natural fica, mais fácil fica. A diferença de um homem para o poeta é que este ultimo continuou tentando, e aprendendo, e errado, e tentando e acertando.

Ligado a este tema, este homem desenvolve uma maneira única de ver os acontecimentos cotidianos, ou seja, desenvolve uma visão romantizada. E isso foi chamado por nós de “visão poética”, quando o escritor procura nos fatos do dia a dia, cenas que possam render algum verso, ou acontecimentos que lhe chame a atenção. Mas não é simplesmente assistir o fato, porque muitas vezes não há o fato em si, contudo, o importante é prestar atenção em cada parte, em cada movimento e, de uma forma romantizada, conseguir recontar.

O homem comum ve a moça do espelho e pronto. Talvez comente sua feiúra e só. Mas o homem com sua visão poética ve a moça do espelho e além, ve as diferenças, as semelhanças e tenta desvendar os sonhos dela. Este homem ao andar de onibus presta atenção nas pessoas que o rodeia, e investiga mentalmente qual será a novela de vida que cada um possui. E assim, o poeta transforma isso em palavras, e com a prática faz rimar.

Pode parecer que não existe, mas isso acontece de uma forma tão natural que é quase imperceptivel.

Perguntaram a Tom Jobim sobre as mulheres que ele escrevia em suas músicas, e sua respsota foi que não chegou a conhecer todas elas. Umas eram suas amigas, outras eram sua própria esposa, outras ele nunca chegou a conhecer, outra ele viu a personagem na novela...

Portanto, o que vale é a paciencia e a persistencia. A tranquilidade de se observar atentamente aos fatos cotidianos e tendar dar a eles uma remontagem diferente, com mais humor, com mais amor.

*inicialmente publicado no site: http://brunoperrella.blogspot.com/

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O amor

O amor, meu amor, não se supera. No máximo, se suprime.
E amor suprimido é tristeza, ódio, dor.
Muitas pessoas passam a vida em busca, mas nunca encontram um grande amor;
E tentam, em vão, ver poesia na pétala, no caule, sem entender a beleza de uma flor.
Mas, meu amor, ainda mais triste do que aquele que nunca conseguiu amar;
É aquele que já amou a alguém e, mesmo assim, não aprendeu a amar o amor.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A quem é parte de mim.

Começo com um pedido de perdão a todos vocês. Perdão!

Pois a vida assim como o tempo, não para, e segue e passa e traça caminhos que nem sempre gostaríamos de trilhar, nos afastamos ou se quer nos aproximamos o tanto quanto gostaríamos ou deveríamos nos aproximar das pessoas que admiramos. Tenho observado ultimamente que as trilhas que vão se formando involuntariamente no decorrer das nossas vidas podem se torna agradáveis ou não, quem determina isso são as pessoas e as vidas que deixamos ou não, que façam parte de nós.

Acredito piamente que a essência da vida está na energia que carregamos e que nos dada pela natureza. Essa energia é a soma de fragmentos da existência de cada uma das pessoas que tivemos contato. Digo isso, pois nessa festa de formatura tive a oportunidade de conhecer os pais, familiares e amigos de quem eu ainda não havia conhecido. O engraçado é perceber como as pessoas são fragmentos ou pequenos pedaços somados de todas as pessoas que as influenciaram. Fiquei encantado com a doçura e a alegria que muitos desses parentes carregam e mostraram neste dia de formatura, e tenho certeza que isso faz parte do dia a dia dessas pessoas.

O quero dizer com tudo isso? É que assim como carrego comigo parte de meus pais e familiares, cada um de vocês está dentro mim, não como pessoas queridas, mas sim como eu mesmo, Marcone, pois, sem a influencia de cada um de vocês eu não seria quem eu sou e não trilharia de forma tão gostosa o caminho que a vida me apresentou. A faculdade foi, ou melhor, é o período em que mais recebi pessoas dentro de mim do que em toda minha vida. Agradeço a todos os professores e a todos vocês pela disposição em participar de minha vida.

Por mais diferente que seja a trilha que vamos seguir, saibam todos vocês que por estarem dentro de mim terão sempre a minha gratidão e meu respeito, por isso CONTEM SEMPRE COMIGO.

E muito, muito obrigado.

Marcone.